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Matricídio
A partir de um ponto, eu decaí. Sentia-me cansada e doente. Com uma responsabilidade que sempre foi maior que eu, mas que naquele momento foi como uma gota num copo cheio.
E foi nessa hora que percebi o quanto eu era invisível. Eu procurei e não havia ninguém pra me ajudar. Estava seriamente deprimida, com hérnias na coluna e colesterol descontrolado. A maioria se voltou contra a pessoa da mãe. Começando em casa.
O matricídio fala do assassinato da Mãe. Um tipo de assassinato sutil e efetivo, que desvia qualquer mulher de sua natureza, e na sutileza sente a ameaça de morte, toda vez que não sabe SER, seja o que for necessário para que a família se harmonize. Outras formas há de se lidar com essa ameaça de morte que a mãe sofre (ela sabe inconscientemente que sua presença não é querida e aceita), a cada afronta que vem daqueles de quem cuidou.
É o sutil assassinato da mãe. Quando a mulher deseja ser uma boa mãe então, coitadas de nós. Ser boa mãe é aturar coisas que jamais admitiria de outra pessoa. Essa mãe acaba desrespeitando, em primeiro lugar, a si mesma. Então, ela adoece e não serve mais. Reclama. Cala-se. Murcha. E todos se espantam, como ela foi-se deixar chegar a esse ponto. Que ponto? No ponto de se deixar assassinar pelos filhos. Quem é mãe sabe o que nos propomos a suportar por causa de um filho, mesmo ingrato, mesmo medonho, egoísta… A cada momento que a mulher-mãe, que quer ser boa mãe, experimenta esse evento, ela morre um pouco. E se continuar permitindo, morre geral. Com direito a enterro e etc.
Sobre as outras maneiras de lidar com esse matricídio inconsciente, é interessante notar as mães dominadoras, as bem sucedidas, as poderosas mães. Elas não são boazinhas e praticam muito bem a palavra NÃO.
Contanto que elas não infrinjam algumas regras básicas, que é não adoecer, não enlouquecer e manterem-se provedoras e generosas.
No final das contas, as mães más e poderosas também sofrem o matricídio. E em geral, aparecem como um tumores em tecidos relacionados a reprodução.
Ouvindo as mulheres a minha volta íntima, observo que em certo ponto, se não damos aquela guinada e começamos a construir nossa vida própria, cuidando do nosso corpo que já cumpriu a função de mãe e sentiu na víscera o matricídio sutil, sentindo a legitimidade de nossas dores e prazeres.
Entrar num acordo com o corpo, a alma de nossa existência, pós-maternidade. As sobreviventes do matricídio, especialmente de filhos adultos e adolescentes, merecem viver em amor e liberdade, de acordo com o próprio coração e corpo harmônicos.
Não responsabilize seu filho pela sua permissividade ou dominação. Eles estão na Vida, e você, onde está? Triste com eles? Zangada com eles? Preocupada com eles? Eles querem mais é viver a própria vida e que você não lhes encham o saco.
E você, vai se esvaziar nessa causa? Eles vão matá-la sutilmente, porque me parece que é da natureza humana a evolução. Cresceu, quer o mundo e se não quiserem ir, te matam da natural morte morrida e ficam com o que precisam.
A Humanidade comete o matricídio todos os minutos. As pessoas como a gente estão pouco se lixando, como adolescente quer que alguém resolva, por exemplo, os problemas de nossa Mãe Terra, a quem matamos nem tão sutil, mas violenta e perversamente.
Sandra Moreira De Almeida
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